Teorias e Práticas de Aprendizagem Ativa - EDU682 - 1.1

Metodologias Ativas versus Aprendizagem Ativa

Conteúdo organizado por Natasha Young Buesa em 2023 do livro Aprendizagem Ativa via Tecnologias, publicado em 2019 por Antonio Siemsen Munhoz, pela editora InterSaberes.

Metodologias Ativas versus Aprendizagem Ativa

Objetivos de Aprendizagem

Introdução

Vamos começar nosso estudo enfatizando que evidentemente o ambiente acadêmico se encontra, neste momento, em plena ebulição, causada por uma série de fatores que vêm se acumulando ao longo dos últimos anos. (Munhoz, 2019)

Se antes da pandemia muito já se falava sobre a substituição das metodologias tradicionais pelas novas, que inserem intensivamente as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no ambiente educacional e que levam em conta as características e peculiaridades de cada ser humano, após o período de ensino remoto, ao qual estudantes e professores foram submetidos durante a pandemia que se instalou no mundo em 2019, chamada de SARS-CoV-2, a Covid-19, no retorno ao ensino presencial, ainda mais explora-se o assunto, principalmente porque agora, de uma forma ou de outra, ainda que sem escolha, os docentes tiveram contato com uma nova forma de educar e tiveram que se (re)adequar e se reinventar para continuar ensinando aos seus alunos de suas casas, em isolamento, para tentar manter a educação em continuidade.

Na verdade, foi a única forma que o mundo encontrou para que crianças, jovens e adultos não precisassem interromper seus estudos durante um período que era desconhecido em extensão (e em gravidade, diga-se de passagem). A dúvida que pairava no ar era: como manter os alunos estudando? Como continuar desenvolvendo a educação, em todos os níveis, em um momento tão incerto?

E a decisão foi inserir, sem prévio aviso ou preparo, (não houve tempo para isso) alunos e professores no ensino remoto (vale ressaltar que falaremos sobre a diferença entre o ensino remoto e o ensino a distância mais adiante na disciplina). Porém, agora, estamos novamente diante de um ‘novo’ ensino presencial, e digo ‘novo’ porque mais uma vez estamos nos (re)adequando. Aliás, muitos docentes dizem que estão tendo que reaprender a ensinar, visto que muita coisa mudou nesse período, como veremos ao longo de nossas aulas.

Portanto, vamos aprender nesta disciplina sobre o que de fato são as metodologias ativas, qual a sua importância, como elas foram e estão sendo inseridas no sistema educacional, e principalmente quais os tipos de metodologias ativas que podem ser utilizadas nas práticas pedagógicas a fim de construir, verdadeiramente, uma aprendizagem significativa, focada no novo perfil estudantil e nas necessidades da sociedade do século XXI, levando em consideração um período de pós-pandemia, porque ainda estamos nos recuperando das perdas e mudanças ocorridas.

Então, a partir de agora, está convidado a me acompanhar neste percurso!

Aprendizagem Ativa ou Metodologia Ativa? Será que existe diferença?

Há muitos renomados autores que vêm pesquisando e debatendo sobre metodologias ativas há alguns anos… ou será que estão discutindo sobre aprendizagem ativa? Será que existe diferença entre os conceitos?

Boa parte da literatura considera as metodologias ativas como estratégias pedagógicas que colocam o estudante como foco no processo de ensino e aprendizagem, contradizendo a abordagem pedagógica tradicional, que sempre esteve centrada no professor como único e melhor transmissor de informação aos seus alunos, que geralmente adotavam uma atitude passiva, de meros recebedores de conhecimento. O fato de essas novas estratégias serem caracterizadas como ativas tem a ver com a execução de práticas pedagógicas que envolvam os estudantes, que os engajem em atividades práticas e mais lúdicas, dentro do possível, nas quais eles são os protagonistas do seu aprendizado. 

Pode-se dizer, então, que as metodologias ativas procuram criar situações de aprendizagem em que os alunos fazem coisas, colocam conhecimentos em prática, pensam e conceituam o que fazem, criam saberes sobre os conteúdos vistos nas atividades, e também desenvolvem estratégias cognitivas, capacidade crítica e de reflexão sobre suas ações, dão e recebem feedback sobre as atividades realizadas, aprendem sobre a importância de interagir com seus colegas e professores e exploram atitudes e valores pessoais e sociais (Berbel, 2011; Morán, 2015; Pinto et al., 2013, como citados em Valente, Almeida & Geraldini, 2017).

No que se refere ao termo ‘aprendizagem ativa’, muitos estudiosos o têm usado para caracterizar situações de aprendizagem em que o aluno tem uma postura ativa, denominada, na língua inglesa, de active learning (aliás, denominação que era usada desde 1991).

Barbosa e Moura (2013) relatam que, de maneira geral, a expressão aprendizagem ativa, (que também pode ser compreendida como ‘aprendizagem significativa’,como será estudado mais adiante), vem sendo usada de maneira vaga e imprecisa, visto que, de forma intuitiva, professores consideram que toda aprendizagem é, de certa forma, inerentemente ativa porque o estudante sempre está ativamente envolvido enquanto assiste a uma aula, ainda que ela seja expositiva. Entretanto, pesquisas indicam que o aprendiz deve fazer algo a mais em sala de aula, e não apenas ouvir, para ter uma aprendizagem realmente efetiva.

Ele precisa ler, escrever, perguntar, debater ou resolver problemas e desenvolver projetos. Também deve realizar atividades mentais de alto nível, como analisar, sintetizar e avaliar informações, portanto, as estratégias que geram aprendizagem ativa podem ser definidas como aquelas atividades que fazem com que o estudante faça, realmente, alguma coisa e, simultaneamente, reflita sobre ela.

Então, infere-se que a aprendizagem ativa ocorre sempre que o estudante interage com o assunto estudado, ouvindo, falando, questionando, debatendo, fazendo e ensinando (por que não?), sendo estimulado a construir o seu saber ao invés de somente recebê-lo passivamente do professor. No ambiente de aprendizagem ativa, o docente assume a função de orientador, de supervisor, de intermediador e de facilitador do processo de ensino-aprendizagem.

Em outras palavras, pode-se dizer que a característica fundamental de um ambiente de aprendizagem ativa é a atitude ativa da inteligência, em contraposição à atitude passiva encontrada nos métodos tradicionais de ensino.

Ressalta-se ainda que, sentir o que está fazendo é tão importante quanto pensar sobre. Shah e Nihalani (2012 como citado em Barbosa & Moura, 2013) asseveram que a participação dos sentimentos no processo de aprendizagem é um fator muito relevante na fixação do conhecimento. Pode-se dizer que o bom humor, a boa disposição e a alegria são as bases da compreensão, do engajamento e do aprendizado.

Entende-se, portanto, que a aprendizagem ativa diz respeito às estratégias que são empregadas para ativar o aluno. Sendo assim, o docente deve (ou deveria) adotar uma postura ativa ao ministrar suas aulas, porque precisa estudar, selecionar informação, empregar a melhor terminologia a ser usada com seus educandos, explicar um conteúdo de diferentes maneiras, bem como fazer relações, comparações, e analogias. 

Fica subentendido que, se o docente adotar o mesmo plano de aula várias vezes, sem inovar, é provável que sua exposição se torne rotineira, monótona, automática e, consequentemente, terá um caráter passivo e não ativo.

Sobre a diferença (ou não) entre os termos ‘metodologia ativa’ e ‘aprendizagem ativa’, Valente, Almeida e Geraldini (2017) explicam que ‘aprendizagem ativa’ é uma expressão redundante, em vista do que se sabe atualmente sobre o processo de ensino-aprendizagem, mas principalmente sobre o funcionamento do cérebro. 

A aprendizagem ocorre em função da ação do sujeito e em sua interação com o meio. Ainda que ela se limite à memorização de informação, entende-se que o aprendiz precisa ser ativo, realizando atividades mentais. Assim, não é possível compreender que um indivíduo aprenda algo sem ser ativo, e nesse sentido, a expressão ‘metodologias ativas’ parece ser mais adequada ao caracterizar práticas criadas pelo docente visando que o aprendiz tenha um papel mais significativo no seu aprendizado.

saiba mais

Quer saber mais sobre a diferença entre Metodologia Tradicional e Metodologia Ativa? Então veja os seguintes vídeos 

Aprendizagem Ativa – O que você precisa saber. https://bit.ly/saber/ acesso em 20 de janeiro de 2025

Colocando a Aprendizagem Ativa em prática

Estudos indicam que a aprendizagem ativa é uma estratégia de ensino muito eficaz quando comparada com os métodos tradicionais como a aula expositiva comum. Quando estão diante de métodos ativos, os estudantes guardam um maior volume de conteúdo, retêm a informação por mais tempo e aproveitam as aulas com maior engajamento, satisfação e prazer. 

A experiência mostra que a aprendizagem ocorre de forma mais significativa quando realizada com metodologias ativas, isso porque os alunos vão adquirindo mais confiança em suas decisões e na aplicação do saber em situações práticas. Eles melhoram a inter relação com os colegas, aprendem a se expressar melhor, e ainda adquirem gosto pela resolução de problemas, reforçando sua autonomia no pensar e agir. (Barbosa & Moura, 2013)

Mas afinal, o que é Aprendizagem Ativa?

Há um provérbio chinês que diz: “O que eu ouço, eu esqueço; o que eu vejo, eu lembro; o que eu faço, eu compreendo.” Essa frase foi dita pelo filósofo Confúcio e tem relação direta com o conceito de aprendizagem ativa. 

Silberman (1996, como citado em Barbosa & Moura, 2013, p.10) modificou esse provérbio para ajudar na compreensão do que são métodos ativos de aprendizagem, dando a ele a seguinte redação: 

Essa citação resume os princípios das metodologias ativas e se a prática docente possibilitar ao aluno saber ouvir, ver, questionar, debater, fazer e ensinar, estaremos no caminho da aprendizagem ativa. 

Em resumo

Nesta aula, tivemos a oportunidade de conhecer as expressões Metodologia Ativa e Aprendizagem Ativa, que indicam que o conhecimento precisa ser assimilado pelo aprendiz por meio do uso de algumas competências como o saber ouvir, o questionar, o debater, o fazer e o ensinar, gerando engajamento, comprometimento e criticidade, transformando-o em um ser autônomo, independente, e dono do seu processo de aprendizagem. Levando em conta que cada pessoa tem seu ritmo de aprendizagem e suas necessidades, o uso de metodologias ativas propicia a aquisição de conhecimentos deveras significativos.

aplicação na prática

Agora que já compreendeu um pouco sobre as expressões Metodologia Ativa e Aprendizagem Ativa, pegue um papel e uma caneta, ou abra um arquivo do Word em seu computador, e crie o seu próprio conceito. Mãos à obra!

na ponta da língua

Referências
Bibliográficas

Barbosa, Eduardo Fernandes; & Moura, Dácio Guimarães de. (2013). Metodologias Ativas de aprendizagem na educação profissional e tecnológica. B. Tec. Senac. Rio de Janeiro, v. 39, n.2, p.48-67 mai-ago.

Munhoz, Antonio Siemsen. (2019). Aprendizagem Ativa via Tecnologias. [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes.

Valente, José Armando; Almeida, Maria Elizabeth Bianconcini de; & Geraldini, Alexandra Fogli Serpa. (2017) Metodologias Ativas: das concepções às práticas em distintos níveis de ensino. Rev. Diálogo Educ. Curitiba, v. 17, n. 52, p. 455-478, abr./jun.

Teorias e Práticas de Aprendizagem Ativa - EDU682 - 1.1

Metodologias Ativas versus Aprendizagem Ativa

Imagens: Shutterstock

Livro de Referência:

Aprendizagem ativa via tecnologias

Antonio Siemsen Munhoz

InterSaberes, 2019

MUST University®: licensed by Florida Commission for Independent Education, License: 5593.